segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Estudantes organizados barram a demolição do Canil-espaço de convivência dos estudantes da Usp


O autoritarismo da reitoria da USP se manifestou mais uma vez nesta segunda-feira (22). Pela manhã, funcionários contratados pela Coesf (Coordenadoria dos Espaços Físicos da USP) começaram a destruir, à revelia e a marteladas, a estrutura do CANIL, espaço conquistado pelos estudantes, situado na Prainha da ECA-USP.
O CANIL foi originalmente construído para abrigar uma casa de máquinas de energia elétrica. Depois, tentou-se fazer do local um espaço para abrigar cães que habitavam a USP (por isso o nome CANIL), mas ele continuou largado, ocioso. Desde que foi construído, o espaço não conseguiu cumprir qualquer função social e permaneceu abandonado.
Em maio de 2006, a história do lugar mudou: estudantes de vários cursos da USP se juntaram e quebraram a as paredes que ficavam dentro do CANIL e transformaram o espaço em uma verdadeira arena. Desde então, o CANIL abrigou manifestações musicais e artísticas diversas de coletivos que, via de regra, não têm oportunidade de se apresentar em outros espaços da cidade. Além disso, o espaço foi palco de debates, assembleias, entre outras atividades.
Ao longo desses quatro anos e meio, o CANIL se consolidou como espaço de efervescência artística e passou a ser frequentado por estudantes e trabalhadores de dentro e fora da USP. Enfim, o espaço se tornou público, útil e adquiriu função social. Inclusive, da experiência com o CANIL surgiu uma banda musical, formada por estudantes de música da ECA, batizada de Banda do Canil.
Hoje, tudo isso começou a ser destruído. A demolição só não prosseguiu porque estudantes e trabalhadores bravamente intervieram. Ao CALC, o diretor de espaços físicos da Coesf, Antonio Marcos de Aguirra Massola, disse que o reitor João Grandino Rodas mandou destruir o Canil como parte das obras de renovação da reitoria. A ordem para a demolição, segundo o próprio Massola, foi dada antes mesmo de passar por conselhos.
Hoje, a Prainha e o CANIL são espaços fundamentais nos momentos de socialização da comunidade da ECA e da USP, como nas Quintas i Brejas, nas FestECAs (que, aliás, não foi autorizada nesta última vez pela Diretoria da ECA) e nos debates políticos.
A destruição do CANIL integra o projeto da reitoria de se apropriar do atual espaço físico da ECA com as suas instalações. No primeiro semestre, Rodas propôs ao diretor da ECA, Mauro Wilton, a construção de uma Nova ECA, na área atualmente ocupada pelos barracões, em frente ao Instituto de Psicologia.
O projeto já foi aprovado em dois conselhos da ECA (Congregação e Conselho Técnico Administrativo), apesar de não haver nenhuma informação sobre o projeto em si, o financiamento e se os espaços estudantis e sindicais estarão garantidos. Pior ainda, a Nova ECA foi aprovada nesses dois conselhos sem que houvesse qualquer debate entre estudantes, funcionários e professores. Não tivemos a oportunidade de dizer se queremos ou não uma Nova ECA.
O Centro Acadêmico da ECA repudia veementemente a postura autoritária da reitoria em destruir um espaço que hoje tem vital importância na vida artística da universidade. Por todos esses motivos, não admitiremos sob qualquer hipótese a destruição dos nossos espaços e a ingerência da reitoria sobre o conjunto da comunidade acadêmica. Não mediremos esforços para impedir que a Coesf, a reitoria ou quem quer que seja destrua o CANIL e outros espaços dos estudantes e trabalhadores da USP.

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